sábado, 26 de março de 2011

Prisma


     Sou como a sombra que se esconde quando falta claridade. Sou como o animal com medo quando acuado e aprisionado em uma jaula. Sou como o objeto em puro estado inercial. Sou um simples arranjo de coisas que passam despercebidas pelos teus olhos. Como eu queria ver no fundo de tua alma aquilo que tu tanto almejas. Assim seria eu a luz a espalhar sombras para colorir tua vida. Seria um curupira a proteger a fauna e a flora. Seria força aplicada mudando a rota dos objetos universais. Seria as infinitas possibilidades de coisas que teus olhos perceberiam todos os dias de tua vida.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Fim de Tarde


     Olhei para o céu e ele estava lindo. Nuvens rasas de chuva contrastavam com densas nuvens vermelhas. "Nuvens de fogo", foi como chamei-as. Olhando por mais alguns segundos me dei conta que minha consciência esvaziava-se em direção ao céu e foi-me permitido ter uma visão divina.
     Visão estranha aquela, primeiramente nada vi até me dar conta que estava sendo protegido por vários seres que formavam uma sombra em qualquer direção que meus olhos mirassem. Mas logo entendi o que estava acontecendo. Eu estava sendo escoltado por anjos! Não sei quanto tempo passou até chegarmos ao nosso destino, uma grande fortaleza branca cercada por pequenas construções em chamas. Fui levado até uma grande figura Iluminada sentada defronte à porta.
     Com um gesto mandou os anjos saírem e olhou-me nos olhos. Sua expressão era dura, mas cheia de compaixão e amor. Em outra situação eu não seria digno de olhar nem os pés Daquele que estava diante de mim, contudo algo nele havia mudado. Após um longo suspiro de cansaço e tristeza, falou-me:
     -Filho meu! Sei que sabes quem Sou, logo não farei cerimônias de apresentação. Então ouves e lembras! Pois o que te falarei agora deverá ser passado para as próximas gerações."
     "O céu tão almejado por tantos foi palco de uma terrível batalha entre as duas forças regentes do Universo. Creio que vistes as chamas que consomem o lugar que já chamaram paraíso. As pessoas na Terra apenas vêem nuvens vermelhas, mas tu vistes a verdade, espalha-a!"
     "Diga aos homens que Estou deixando esta colônia por algum tempo. Infelizmente tive muitas baixas aqui, meus soldados precisam descansar. Avisa-os disso e complete lembrando-os que EU VOLTAREI com um exército muito mais poderoso e retomarei o comando da Terra. E aí daqueles que se unirem ao meu inimigo, pois também serão eliminados."
     "Agora voltes para junto dos da tua espécie, e não esqueças uma palavra do que Eu lhe disse. O Aviso foi dado."

domingo, 20 de março de 2011

Em um dia de Aula


     Um certo dia desses, na aula de história, o professor disse uma frase que me fez pensar. Eu tinha chegado a uma conclusão parecida mas as palavras que ele usou deixou tudo muito mais simples. Ele disse o seguinte: "Nós não vemos o mundo como ele é, mas sim como nós somos".
     Nos primeiros dias de aula ele disse algo assim: "Eu não estou aqui para tirar suas dúvidas e sim aumentá-las". Achei muito interessante essa concepção de vista vinda de um professor. Em minha opinião seria bom existirem mais mestres que fizessem os alunos exercitarem um pouco mais o cérebro.

sábado, 19 de março de 2011

Caminhos


     Longos caminhos levam-me a mistérios insolúveis de todos os tipos, de todos os formatos. Caminhos largos ou estreitos, iluminados ou sombrios, quentes ou frios, com belas paisagens ou simplesmente mortos. Sigo-os muitas vezes sem me dar conta, sem saber porquê o sigo. Tantas estradas, de barro e de concreto, se encontram numa mesma encruzilhada, são vizinhos uns dos outros.
    Perguntam-me onde estão tais caminhos, olham em volta tentando descobri-los... Penso comigo: "Por que insistem? Estão tão presos ao material que não conseguem ver que tais estradas estão dentro deles mesmos". Até tentei explicar-lhes isso, mas nenhum me deu ouvidos. Então que continuem perdidos em seu mundo materialista, pois eu continuarei no meu caminho de aperfeiçoamento durante minhas existências.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Badalar


     Soava alto o sino do relógio central, badalou sete vezes, mesmo sendo Meia-noite. O tempo parou ou a Torre do relógio quebrou? Ahh! Que pensamento "besta" esse que me perturbou o sono. Não queria perder meu tempo buscando uma resposta àquilo, todavia minha atenção ficou realmente presa nessas sete badaladas.
     Levantei-me sorrateiro da cama e segui para a varanda. Olhei para a rua, nada acontecia, a luz ambárica dava um ar fantasmagórico as pedras nuas do asfalto. O silencioso e agudo silvo do vento cortando as árvores era a única coisa que me fazia sentir o tempo passar.
     Contemplei o silêncio da madruga até os primeiros raios de Sol surgirem a minha frente. Imaculado, gigante, justo rei... Que era o Sol afinal? Talvez divague sobre isso outro dia, assim como divaguei sobre as sete baladas ao invés de doze... Mas agora vou jogar-me na cama e dormir o resto de tempo que me sobra.

terça-feira, 15 de março de 2011

Metamórfico


     "No peito cravadas longas setas venenosas. Amarradas as mãos atrás das costas. Caído de joelhos a céu aberto num lindo campo de cor verde. Uma orda de monstros humanóides cercavam-me empunhado espadas e mirando-me com arcos."
     Minha culpa? Ser diferente daqueles que habitavam aquelas terras. Mas nem sempre foi assim, pois nasci desfigurado como eles. Rostos deformados, pele enrugada, costas curvadas de tanto olhar para o chão. Unhas rígidas como o aço, grandes e afiadas. Boca suja de sangue e dentes a mostra. Éramos animais com uma pequena dose de racionalidade... Assim também eu era... Mas resolvi parar de olhar para o chão e começar a olhar o céu. Os anos se passaram e algo ocorreu comigo: minha casca de ogro caiu e aos poucos fui me assemelhando aqueles seres que viviam em além-mar.
     Mãos surgiram no lugar das garras, pele lisa sobre a enrugada, rosto belo como o de anjo. Uma mudança tão íntima que me assustou e fez com que eu me retirasse para longe, para um lugar isolado, e lá pensei. Com a reflexão tudo ficou claro em minha mente: a mudança não tinha sido externa, e sim interna. Saber disso fez-me suspirar de emoção, tinha que contar a todos sobre a metamorfose e seus benefícios. Mas que grande ilusão a minha foi achar que me ouviriam.
     Olharam-me como um monstro, louco, um parasita metamórfico. Essa reação me surpreendeu, afinal não era eu um deles ainda? Demorei um pouco para conquistar a confiança de uns poucos, os quais se tornaram meus primeiros discípulos. Expliquei-lhes muitas vezes que deviam parar de olhar o chão e começar a olhar o céu também... Não conseguiram e chamaram-me de charlatão, não me compreenderam, nem um ser pensante se quer daquele lugar ouviu minha voz.
     Vivi na sarjeta, sendo ignorado, por um bom tempo. Até que um dia, jovens vieram me procurar e ouvir sobre minha mudança. Eles eram realmente interessados, fizeram-me centenas de perguntas. Logo a noite chegou e tiveram que ir embora, mas me prometeram voltar no dia seguinte. Foi o que fizeram!
     Os dias foram passando e o pequeno grupo de jovens aumentando. Minha felicidade crescia cada vez mais por poder passar aquela metamorfose mental à frente. Alguns dos meus jovens aprendizes começaram a passar pela transformação, o que acendeu a chama nos corações dos outros para buscar cada vez mais o aperfeiçoamento. Contudo, como nada vem de graça, os governantes daquele lugar acusaram-me de corromper a juventude. E que grande pecado era aquele, segundo a lei falha.
     Fui preso e sem julgamento condenado a morte. Meus novos discípulos quiseram se revoltar, e matar aqueles que me condenaram, mas não os deixei fazer isso e usei meus últimos momentos com eles para instruir-lhes mais.
     Bom! Depois disso aconteceu a cena que descrevi no início dessa minha narrativa. Olho agora para o céu sentindo a última faísca de vida se extinguir, e com isso deixo a mensagem final para meus seguidores: "Olhem para o céu, e se lembrem: a mudança começa de dentro!"

sexta-feira, 11 de março de 2011

Olhem o Fluxo


     Contínuo fluxo de informação desprovida de fundamentos e usos práticos. Mestres por que insistem nessa forma de educação? Não percebem que os tempos mudaram? Evoluí-vos para que os jovens possam aprender o que o mundo os pede agora. Vocês tem a experiência, usem-na para mostrar-lhes o mundo. Entrem, porém, no mundo deles. Não queiram levá-los para o seu mundo, pois a evolução já diferiu os caminhos.
     Agora é hora de inovar, esquecer os costumes passados, abrir a mente. A cultura inibi as pessoas, tornam-as medrosas, simples robôs pré-programados. Sem capacidade criativa estão apenas reproduzindo o que já existe. Não vêem que a repreensão as idéias, tornam as pessoas ansiosas? Se alguém quer andar nú pela rua de uma sociedade "desenvolvida" seria repreendido, preso talvez, mas em alguns locais é normal andar nú. E aí? Qual cultura está certa? Ao meu ver até agora nenhuma está, pois para mim uma cultura certa seria aquela que englobasse todos os homens.
     Ahhh! Chamem-me de utópico, mas eu acredito que as mentes irão se abrir. O Universo será pequeno para tamanha compreensão da vida que os homens e mulheres, crianças e idosos, daquela época terão. Gostaria de estar vivo para ver esse mundo onde reina a humildade, a liberdade e a vida. Mas quem sabe? Se estiverem certos eu vou estar aqui de novo para ver.

Um pouco sobre mim

Minha foto
João Pessoa, Paraiba, Brazil
Um cara de ideias simples, um pouco confuso as vezes. Que ama, que ri, que chora, que vive. Que contempla a beleza da vida com olhos de admiração e crítica. Assim sou eu ^^